Brasil e Argentina decidem a Copa América no próximo sábado, 10, no Maracanã, e é impossível tratar do clássico sul-americano sem lembrar de seus dois maiores protagonistas. Apesar de nunca terem se enfrentado, pois um estreou justamente na época em que o outro pendurou as chuteiras, Diego Armando Maradona e Pelé alimentaram a rivalidade e os debates sobre quem foi o maior jogador de todos os tempos — Lionel Messi quer entrar nesta briga e um título em solo brasileiro certamente fortaleceria sua candidatura. As comparações foram inevitáveis, desde o início. Logo em sua esteia em PLACAR, então uma revelação de 18 anos do Argentinos Juniors, o ídolo dos hermanos foi comparado ao Rei do Futebol.
A reportagem de 1º de dezembro de 1978, portanto depois do título mundial da Argentina naquele ano, se baseava nas palavras do técnico da seleção, Cesar Luis Menotti, que preferiu não levar o craque adolescente à Copa em casa, mas imediatamente após a conquista já o comparava a Pelé. “No atual estágio do futebol, Maradona é Pelé. Há uma diferença na estrutura física, mas muita semelhança no espaço de terreno que joga, nos lançamentos que faz. E, note bem, trata-se de um goleador”, avisou que Menotti, que enfrentou Pelé nos tempos de defensor no futebol brasileiro. Na época, o Boca Juniors já oferecia uma fortuna pelo prodígio do Bicho, como é conhecido o clube do bairro de La Paternal.
“Maradona pesa 64 quilos e tem apenas 1,67 m de altura. Dentro de campo, porém, se torna um gigante. Suas passadas com a bola colocada ao pé esquerdo, sua virada de jogo de um lado para o outro, quando os passes saem certos, milimétricos, são próprios de um craque genial”, avisou PLACAR na ocasião. Na época, o jovem Maradona não alimentava qualquer rivalidade com Pelé, pelo contrário. “Isso de me compararem com Pelé é incrível. ‘El Negro’ foi o maior do mundo. Gostaria muito de conhecê-lo, de falar com ele. Só vi seu jogo pela televisão, era bárbaro”, afirmou o camisa 10 que enchia os argentinos de esperança.
Com humildade, Maradona falou sobre uma fraqueza em seu jogo (que, diga-se, o diferenciava claramente de Pelé). “Só (chuto com a esquerda). Às vezes, na corrida, chuto com a direita também, mas não dá bom resultado. É uma falha grave que tenho.” Ele não resolveria este problema ao longo da carreira, mas, convenhamos, não fez falta. Por fim, Maradona fez uma confissão sobre um sonho de garoto: “Gostaria muito de jogar no Maracanã. Que cancha! Seria lindo jogar com aquele estádio cheio e no Flamengo”.
Maradona, como se sabe, nunca atuou pelo rubro-negro, mas o enfrentou três anos depois, em um amistoso no Maracanã, pelo Boca Juniors, com vitória do Flamengo por 2 a 0, com dois de Zico. Passaria outras tantas vezes pelo estádio carioca onde Messi tentará conquistar seu primeiro título com a seleção. Na Argentina, um comercial de cerveja acredita que a seleção local contará com a “força divina” de Maradona, no primeiro clássico desde sua morte. O Brasil defende o título, conquistado no mesmo estádio, em 2019 diante do Peru.
