A técnica Pia Sundhage anunciou, no dia 17 de junho, a lista das jogadoras convocadas para representar a seleção feminina na disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Entre “polêmicas” e surpresas, a sueca se manteve coerente com o estilo de jogo que acredita ser o mais eficiente para a atual seleção brasileira.
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Em dois anos de trabalho, Pia procurou implementar seu estilo. Em diversas entrevistas ressaltou que o talento ofensivo do futebol brasileiro é inegável, mas que precisaria focar na parte defensiva se quisesse construir uma equipe mais sólida.
As 18 atletas convocadas fazem parte do grupo que a técnica acredita ser mais “intenso” física e taticamente, e foi dentro desse conceito que nomes como Andressa Alves e Leticia Santos, que pareciam ter vaga certa, acabaram ficando de fora.
E falando em ausências, Cristiane Rozeira, a maior artilheira das Olimpíadas entre homens e mulheres, foi o grande destaque. Porém, aos olhos apurados de quem acompanha a seleção de maneira mais próxima, era difícil ver a atleta entre as 18 selecionadas, já que a jogadora não teve grandes atuações sob o comando da sueca. Polêmica para uns e acerto para outros, fato é que Cris, como é carinhosamente chamada, não vai fazer parte do grupo das Olimpíadas após quatro edições. Um ciclo aparentemente se encerrou.
Seleção preza pela intensidade física sem a bola
Se a lista apresentou surpresas, uma delas está no gol. Bárbara já era nome certo. Titular absoluta com a técnica Pia, teve desempenho regular e satisfatório no ciclo olímpico, mas a segunda vaga estava em aberto e por muitas vezes pareceu próxima de Aline Reis.
Pia optou por Letícia Isidoro, jogadora do Benfica e que teve uma passagem muito boa pelo Corinthians. Jovem, a jogadora foi por muitos anos destaque nas seleções de base e agora recebe a chance de participar da sua primeira Olimpíada.
Outro nome que se destacou foi o de Poliana. Lateral-direita de ofício, a jogadora é uma das mais presentes na seleção, não só na era Pia Sundhage, mas também era nome certo nas listas do Oswaldo Alvarez, o Vadão. Atualmente atua como zagueira pelo Corinthians, mas dentro da seleção fez jogos na lateral, é reconhecidamente mais defensiva que a lateral-esquerda Tamires, e isso pode ter influenciado diretamente na sua escolha. Letícia Santos era muito cogitada para a posição, mas volta de uma lesão recente e acabou ficando no grupo das suplentes.

No meio-campo, os destaques ficam para a interminável Formiga, agora jogadora do São Paulo, e para a seis vezes melhor do mundo, Marta, que atua pelo Orlando Pride, dos Estados Unidos. A ausência de Andressa Alves, que teve boas atuações com Pia, é uma das maiores surpresas. Ela faz parte da lista de suplentes. O setor passa por uma fase de acertos após a lesão da Luana, do Paris Saint-Germain, que era titular e uma das atletas mais regulares na era Pia.
É um perceptível que o time ainda sofre com a dificuldade em manter a posse de bola e isso influencia diretamente na criação de oportunidades de gol. Marta e Debinha ficam encarregadas pela criação, auxiliadas por Andressinha. A camisa 10 vem sendo a principal jogadora em participações no jogo: é quem mais toca na bola. Mas isso não reflete em oportunidades criadas, já que Marta está mais afastada do gol, jogando pelos lados e, em alguns momentos, até voltando para a defesa em busca da bola.
No ataque, o destaque vai para Ludmila. Amada pela torcida do Atlético de Madri, a jogadora busca se acertar na seleção em meio a muitas cobranças. Com certeza não falta dedicação em campo, já que nas partidas fica evidente a entrega tática e física da brasileira, artilheira nos campos europeus. Companheira de ataque de Ludmila, Bia Zaneratto também vive uma boa fase em seu clube, o Palmeiras, e tem boas atuações na seleção, mas suas últimas partidas não foram as suas melhores com a amarelinha.
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Podemos perceber alguns sinais de renovação, já que o grupo convocado conta com muitas atletas jovens, como Geyse e Duda, mas também há outras muito experientes e com uma história construída desde as categorias de base da seleção.
O avanço tático sob o comando de Pia é evidente. As jogadoras conseguem manter linhas altas de marcação sem perder a organização e principalmente sem perder a intensidade física. Isso é um claro avanço dentro da equipe e demonstra que a técnica sueca buscou nas atletas características que atendessem ao seu estilo de jogo.
O grande termômetro dessa equipe vai ser a estreia, já que nos dois últimos jogos da preparação contra Rússia e Canadá a equipe teve atuações inconstantes, com grande intensidade na marcação, mas dificuldade de criação e até uma certa dependência dos lampejos da Marta.
O Brasil que chega para os Jogos Olímpicos é mais intenso na marcação e dedicado nos posicionamentos, mas ainda peca muito na criação de jogadas e oportunidades de gols. A briga por medalha está aberta, mas depende diretamente de correções no meio-campo e maior agressividade das atacantes.
Confira as convocadas de Pia Sundhage para os Jogos Olímpicos de Tóquio:
Goleiras: Bárbara (Avaí/Kindermann Brasil), Letícia Isidoro (Benfica-POR)
Defensoras: Tamires (Corinthians), Rafaelle (Palmeiras), Erika (Corinthians), Bruna Benites (Internacional), Poliana (Corinthians), Jucinara (Levante-ESP)
Meio-campistas: Marta (Orlando Pride-EUA), Debinha (North Carolina Courage-EUA), Adriana (Corinthians), Formiga (São Paulo), Andressinha (Corinthians), Julia Bianchi (Palmeiras), Duda (São Paulo)
Atacantes: Ludmila (Atlético de Madri), Bia Zaneratto (Palmeiras), Geyse (Madrid CFF-ESP)
Suplentes: Aline Reis (UD Granadilla Tenerife-ESP), Letícia Santos (Eintracht Frankfurt-ALE), Andressa Alves (Roma-ITA) e Giovana (Barcelona-ESP)